domingo, 16 de novembro de 2014

Barro,
                                                 chuva,
    Periferia...
Onde se escondem todos quando o céu chora?
Portas fechadas
Ruas vazias de silêncio e cheias de lodo
A linha do trem, que olhas as casas,
                                                 me acompanha.
Lá em cima, barracos ameaçam cair
O cinza se confunde com a tristeza de quem olha pro céu
                                                 mas não vê nada...
Se ao menos pudéssemos saber onde Deus está.
Um Bebedouro verde olha a Chã que sofre
Vidas vivendo em limites
Pés descalços de meninos que correm desafiando as leis da natureza
Uma mãe que grita lá de dentro: ‘menino, tu vai se resfriar’.
Com uma mão segura um terço, pede benção da Virgem Maria:
Santa Mãe, rogai por nós.
A outra faz o sinal da cruz e pede que não levem seu barraco
Mas ninguém parece ouvir
Se ao menos pudéssemos saber onde Deus está.
Hoje o trem não passou com o seu apito estridente
Hoje a gente velha se debruça na janela
Espera o sol que sempre vem
Mas por dentro permanecem cinzas
Há ausência de sonhos,
de planos
e de pão...
A chuva desce o morro
E não há onde se esconder
dessa lama que nos cobre.


Cíntia Maria

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