A moça parada na praça
A moça parada na praça pensa na vida
cansada
Apena existe
Carrega pesos,
Ilusões e uma marmita fria
Chora o salário que ainda não chegou
E sente-se só em multidões
A moça parada na praça pensa nos filhos
Os que nasceram e os que estão por vir
Calcula o tempo, o espaço, o amor,
a inflação, a gasolina
o que gastou
O que tem
e o que gostaria de ter...
A moça parada na praça é triste
Não escuta os pássaros,
não sente o balançar das árvores
Em festas alegras é
Silenciosa,
Mas carrega no peito um carnaval
A moça parada na praça divide comigo um sorriso
É colorida,
mas vive a vida em preto e branco
há marcas em seu corpo, há dor em seus olhos
o sol lhe levou alguns anos
seu intervalo já acabou,
mas na vida e na praça a moça permanece parada.
Cíntia Maria
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