Um escritor triste na minha estante me diz que é só por hoje
Enquanto a primavera se despede,
pela janela imaginária do meu quarto,
Agarrada aos pés da mulher amada
Peço a ela que não me deixe
Já não escuto os sons
Meu corpo rejeita os alimentos
numa vida em que ela já não me namora
pergunto o que será de mim
Anoto as minhas qualidades num papel amassado
Com cuidado escolho as rosas pra presentea-la
A nossa música
rabisco na minha parede com giz colorido
Assim como a primavera que já me acena dando adeus
todos os sentidos se vão
Um escritor triste na minha estante me diz que é só por hoje
Levanto a cabeça pra estancar o sangue que escorre do meu nariz
Minhas pernas fracas anunciam a queda
Sou um amontoado de culpas e dores
Mas novamente um escritor triste na minha estante me diz que é só por hoje
Que lá fora há vida,
luz e paz...
....mesmo quando a mulher amada rejeita meu cabelos enrolados
meus carinhos e cuidados
Pela janela imaginária do meu quarto vejo pássaros,
vejo crianças correndo
E a vida simples tendo valor
Um escritor triste na minha estante me diz que é só por hoje
Que as estrelas não vão cair mesmo quando a primavera e a mulher amada já tiverem ido embora
É só por hoje e não pra sempre.
[Cíntia Maria]
quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
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