segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Libertação?


Libertar-me-ei de ti
Ó melódicas rimas
E estruturadas palavras.
Livrar-me-ei de vós
Pensamentos parnasianos
Que surgem tão estruturados,
Que tem um som tão insuportável
Beirando o tóxico.
Sufocarei agora a imagem que tenho de ti
Musa dos meus sonhos coloridos
Esquecerei que contigo tudo era reto
E certo.
Até as idéias mais bobas
E os pensamentos alienados.
O barulho do vento
Hoje sem você parece um furacão,
Não consigo organizar as frases
Nem interpretar os sons,
Não consigo decodificar as palavras
Nem sei qual é a estação que estou
Está tudo tão emaranhado
Tudo mais enrolado que os caracóis dos meus cabelos
A poesia que escrevo agora
É uma associação livre,
As coisas me vêm aparecendo sem nenhuma lógica prescrita
Agora paro e olhos os pássaros
Eles voam unidos e era assim que deviríamos estar
Ó céus por que você me deixou?
Porque só a poesia ficou?
Sem rima
Desconexa
Sem som
Sem dom
Só compostas com versos de saudades.

Cíntia Maria

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Deriva

Vidas que acabam cedo

Histórias escondidas sob a cruz

Saudade deixada

Em vidas comuns

Meninos que vendem arrumação das covas.

Pinturas nos túmulos

É dia dos finados

E hoje muitos são lembrados

Obrigações?

Amor?

Devoção?

Perguntas que ficam

Vidas que passam

Sonhos nunca realizados

E o medo de quem fica

Por ter que um dia partir.

Flores tão delicadas

Falam de um sentimento

E aqui sinto o medo

De ter que um dia ir tão cedo

Permito me perder por ruas de ossos

Como ficarão os meus no dia em que eu for embora

Lembrarão de mim no dia 2?

Com flores, velas e orações?

Ou nada disso sentirão?

Um missa na capela ao lado do cemitério

Me chama a atenção

De lá muitos cantam

Com pedidos e emoção.

E agora,

Encontro-me em frente ao cemitério

E sinto um ímpeto de voltar até lá

Não resisto e me encaminho até a entrada.

Dos amigos me perdi

Quando resolvi derivar

Já é tarde e desisto de entrar

É chegada a hora de ir

E aqui ainda não é a minha hora de ficar...


Cíntia Maria 

Abandono

( Nighthawks - Edward Hopper) Há um tempo a poesia me abandonou Talvez na mesma esquina em que me perdi de mim Entre ruas escuras e c...