quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Luz
Nas noites em que o sono se vai
Procuramos em vão onde começam os erros
Silêncios de paredes brancas
Lugares cheios de vazios
E a luz que permanece acesa pra nos proteger de nós mesmos
Um galo canta e atravessa o nada
fazendo-se presença aos que permanecem sozinhos
com medo encolhidos na cama
O sono não faz visita
O peito aperta
O ar falta
Olho para o teto
Não há nada a fazer
Espero a passagem das horas como quem espera a morte
já cansada de ter vivido
Como quem a idade levou a cor dos cabelos e enrugou o rosto
Minhas costas doem
E meu corpo é feito de cansaço
As roupas não se seguram em mim
Tenho leituras desassossegadas
A vida é composta de ciclos
Mas minha roda parou
Não há mais planos
Não há metas
Os dias seguem cinzas
As palavras foram levadas com o vento
Há dor em cada respiração
As horas são feitas de angustias
E a única luz que me ilumina é artificial.
[Cíntia Maria]

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