sábado, 21 de dezembro de 2013

Aos meus!

Na vida você sempre será arranhado 
Mas você terá momentos p’ra arranhar também
Vai existir quem te bata fortemente até você cair 
Mas vai ter alguém que te segure,
que te levante e que te coloque pra cima.
Alguém vai te acordar gritando, 
Mas vão ter manhãs quem vão te acordar de forma doce e suave
querendo ouvir sua voz rouca e desconsertada
Vai ter sempre alguém que vai pensar em você antes de dormir 
e que vai contar os minutos pra te ver.
Vai te procurar entre multidões 
e vai se sentir sempre só, sem a sua presença
enquanto outros vão te ignorar em pequenos grupos.
Você sempre terá uma pessoa favorita nesse mundo
aquela pra quem você liga quando a barra pesa,
quando o seu cachorro adoece 
quando você passou naquela prova difícil .
Aquela com quem você se planeja ver na velhice
Aquela que não importa o que ela faça 
você não largará a mão. 
Haverá quem te diga coisas duras apenas pra te ver mal
Vai ter quem te diga coisas boas porque só quer o seu bem.
Pessoas te negaram moedas
Outras te darão tesouros
Haverá alguém pra quem você doaria o fígado, os rins ou coração.
Há quem te faça sorrir apenas porque existe. 
Têm músicas que você precisa fechar os ouvidos 
Mas têm aquelas que a gente repete por dezenas de vezes
e não se cansa nunca.
Tem pessoas que você precisa perder pra crescer na vida
E tem aquelas que a vida só cresce porque estão com a gente
Tem que tem te faça chorar de emoção
Por quem você levante todos os dias 
E por quem vale à pena continuar 
Com quem a caminhada é mais leve...
...eu tenho os meus
e sigo mesmo quando alguém me impede.

[Cíntia Maria]

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Angústia

Vejo uma foto sua perdida pelo meu celular,
rapidamente meus pelos ficam eriçados
como quando sinto uma presença de alguém do plano espiritual.
Começo um dilema: é bom ou não sentir isso?
Lembro do seu beijo;
Do cheiro do seu cabelo;
E do seu sorriso amável.
Sinto uma saudade que me queima por dentro
Os olhos marejam,
              como se algo muito importante fosse perdido.
Acontece que aqui nada foi perdido.
Você está por aí como sempre esteve,
                                      e eu estou aqui,
ainda no mesmo lugar.
Ainda com a cabeça em você.
Sentindo falta de agarrar em seus cabelos
e te puxar forte de encontro ao meu peito.
Sentindo falta de quando sua mão pegava em meu rosto,
  com tanta ternura que só me restava fechar os olhos e sorrir.
Eu teria unido meu mundo ao seu.
Você me diria se aqui estivesse: 'ah temos um laço, daqueles que não se apagam'.
Eu diria com os olhos baixos: é que não quero laço eu quero nó,
daqueles que apertam e não deixam a gente sair nunca.
Enquanto eu penso em tudo que não existe,
toca um brega ridículo lá fora.
Fico pensando no que você estará fazendo.
Se por algum segundo pensa em mim.
Não obtenho resposta das mensagens que te mando.
Que dirá dos seus afazeres.
Nem sei como anda seu dia.
Volto a pensar nas  coisas bobas que já te prometi fazer,
como me vestir de coração na porta da sua Universidade,
 ou fazer uma serenata na porta de sua casa, com meu pouco conhecimento de violão,
te entregar flores somente para constrangê-las por não alcançarem sua beleza ou pra ver sua carinha rubra.
Os amigos me seguram, me impedindo de tal ato.
Eles me chamam a lucidez.
Não quero lucidez, quero seus lábios nos meus.
Quero sua cabeça em meu ombro e sua mão em minha barriga,
igual quando a gente abraça um travesseiro e  não quer largar.
Sinto uma nostalgia que coloco na culpa de ouvir Tom Jobim em pleno sábado, quando todos os meus amigos foram a balada.
Aposto que você descansa num sofá vendo TV e vez ou outra passa o olho no computador ou responde alguém no celular.
Acho que eu deveria ler algum autor menos angustiado.
Um Luís da Silva tão obsessivo e não correspondido, não pode fazer bem a ninguém.
Atiro o livro ao chão
Levanto e me banho
O pensamento não muda de lugar
O Luís da Silva mandou Marina ao diabo, também mando você
Nenhuma das duas entende o recado
Deito na cama e choro por dentro
Não sei até quando ficarei assim,
Permito que os dias se arrastem...

Cíntia Maria


domingo, 29 de setembro de 2013

Escutei os sinos tocando
Não era missa do padre Augusto
Nem a morte do seu José
Eram seus lábios encostando-se aos meus

Cíntia Maria 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A chuva

A chuva cai molhando o chão da cidade
E eu, pelo caminho, com a cabeça baixa
 não evito chutar os sapos,
não evito chutar a vida.
O frio consome o meu corpo
que arde em 40 graus de febre
Tenho tido sonhos de angústia que não me permitem manter a calma ao acordar
Tenho tido impulsos agressivos
Tudo está errado, justamente porque está certo.
Como o autor da minha cabeceira ‘mal sei como conduzir-me na vida, com esse mal-estar a fazer-me pregas na alma’
O cinza do dia se parece com o meu semblante
Sigo em busca de sentido
Que não encontro na rua cheia de lama
Nem nos meus sapatos molhados
A cabeça dói...
Há dias em que penso em dormir, mas nem o cansaço me faz apagar
Volto a pensar nos sonhos
E já não quero dormir
Tenho medo
Os pensamentos não se completam
O frio aumenta
O sono não vem
Os alimentos não me interessam
Isso é perceptível no meu corpo magro
Passo a vida perdendo a vida
Em jogos que não me acrescentam
Não sei mais quando é dia ou noite
Tenho os ciclos alterados
Os planos pra depois dessa chuva, foram engavetados
O meu sorriso se amarelou
Como um livro velho.
Queria viver e não apenas existir
A chuva aumenta
                               me castiga enquanto ainda caminho pela rua
Sinto dores na coluna que não sei quando começaram
Não sei a data de hoje
A chuva me fere
e a dor persiste
Penso na morte
A chuva tem molhado a minha vida
E não sei onde me secar
Chego a casa
Deito ainda com água no corpo
Desejo não mais acordar
Mas o interminável destino
Segue incerto
Pesando sobre mim.


[Cíntia Maria]

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O sol se despede por entre as árvores frondosas
 de uma tarde fria
E eu apresso os passos e as cordas do meu violino
O dia está indo embora e eu quero vê-la
O transito não ajuda
E a voz dela ao telefone diz me esperar
Chego entre uma escala de sol que não aprendi direito
Carrego o instrumento e uma mochila nas costas
Mas o peso é leve
Como tem sido leve a minha vida
Ela está concentrada entre folhas que se apressa em me apresentar
Eu tenho os olhos em lugar nenhum,
mas escuto sua voz  que fala sobre conceitos psicanalíticos
O interesse dela vaga ente consciente e inconsciente,
fronteiras ...
ela fala em trauma e eu começo a olhar seu rostinho lindo
Penso em abraçá-la
Contenho-me!
Ela continua teorizando... a cena é até bonita
É bonito o jeito que ela se preocupa em falar
Também é bonito seu cabelo,
sua risada espontânea
e o jeito como ela deixa o dia iluminado.
É bonita ainda a forma como ela se encaixa em meu ombro
E como se estica pra me abraçar.
É lindo o bem que ela me faz, deixando o dia melhor.
Ao longe uma música ruim pede que a gente se despeça
Ela se apressa com uma mochila que tem quase o seu tamanho
Eu me apresso em outros compromissos que já havia esquecido
O dia se despede da gente
A tarde vai ficando escura
Estranho, mas já tenho saudades.
Caminho entre árvores tristes
Sem saber o próximo passo
Tenho pensado nela...
Numa constância jamais imaginada
Que a vontade que circula em minhas veias é carregá-la para o meu mundo.
                [Cíntia Maria]

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Eu digo timidamente
que ela deveria me cobrar, por ficar em minha cabeça
em forma de versos...
Ela ri             
e diz que faz de graça.
Não duvido...
É de graça ser linda assim
É de graça sorrir assim.
Toda vez que penso nela,
os conceitos de uma fenomenologia-existencialista me passam na cabeça
Começo com experimentação
Que eu nem sei definir, mas é algo que me leva a arte
A vida é uma arte,
a arte é a vida?
Os dois? Ou nenhum?
‘Arte é ver o seu rosto’
Eu poderia dizer a ela, sem correr o risco mentir
Acontece que na hora da vivência as palavras não saem
E ela me pergunta, porque não digo as coisas quando estou com ela.
Provei o gosto doce do seu beijo e senti o que é viver
Senti o prazer genuíno da empatia,
quando ela tocou minha mão...
Sinto por vezes que o vento não nos ajuda,
talvez porque não sabemos aonde queremos chegar.
Subitamente no fim da noite eu a surpreendo com ‘eu quero você’
Novamente ela ri
E me diz o bem que a faço
Pra que conceitos,
coordenadas ou diretrizes?
‘o amor não tem pressa ele pode esperar’
Por que desistir ou ter medo?
Deveríamos apenas nos entregar...
Mas novamente as palavras não saem e fico sem jeito de abordá-la
Que colorido especial que ela tem
Até o crochê se enrolou em seus pés para virar uma sapatilha
Isso novamente é arte
Arte é criação
Deus entendia disso quando fez você
Não sei se pra mim
Mas o mundo O agradece.

[Cíntia Maria]
Aah seus braços em meu pescoço...
Me convidam a dançar
Mas a dança que quero te conduzir é outra
Quero aproveitar o momento e cheirar seus cabelos
Inclinar todo meu corpo pra alcançar seu ombro
Encostar minha testa na sua
e sorrir
De vez em quando a luz se acende e ilumina seu rosto
E eu olho em seus olhos
Minhas mãos se encaixam em sua cintura
Sinto seu perfume
e falo alguma bobagem em seu ouvido
Pequena...
Seus amigos nos perguntam se formamos um casal
Eu coro e não sei o que dizer
E você se apressa em afirmar
Sou fruto de um envolvimento que é maior que o da dança
Desde o dia em que te vi passando
Aprendi a contemplação da vida
Nada melhor que dançar com você
Mesmo que eu me atrapalhe com os passos
Mesmo que minha condução não seja a melhor
Sou quem te tenho em meus braços, nesse instante
E não há nada melhor de sentir.

Cíntia Maria

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Possibilidade

Na vida sempre há uma possibilidade,
ainda que esta seja a morte.
Sempre há uma chance de conquistar aquela menina bonita que você gosta,
mesmo que você seja mais feio e ela tenha um cara mais inteligente.
Há possibilidade de amar, 
ainda que você não tenha sido amado.
Como também de escolher ser sozinho,
ainda que isso possa parecer contrário as regras da felicidade.
Há possibilidade de ser quem se é,
isso não quer dizer que não haverá riscos! 
Existe aquela possibilidade de desistir,
mesmo esta sendo ignorada.
Você pode sentir minha ausência e me ligar naquela tarde cinza, 
pois existe a possibilidade de que eu te ame. 
Você pode sujar meu rosto com o seu batom 
e vou te ninar ao som do meu violão! 
Mesmo existindo a possibilidade do não, 
isto não ignora o meu desejo de ouvir o teu sim.
Te poetizar e te eternizar numa imagem inconsciente.
Namoro a fita que amarra seus cabelos, 
o som da tua voz, 
a bolsa que carregas no ombro
e o jeito leve como caminhas, 
pois és pra mim um presente que meus olhos contemplam.
Há aquela possibilidade de que seus braços se encaixem em meu pescoço 
fazendo um arco,
enquanto lentamente valsaremos pelo salão.
A vida não tem programação
Mas tem possibilidades...
Enquanto permitido for, serás uma para mim. 

Cíntia Maria

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Barco
Uma casinha branca
Viajar para a Cidade Luz
Jóias
Fama
Glória.
Muitos são os sonhos das pessoas
O meu era simplesmente Ela
Sei que os amigos ignoravam meu sonho
Um sonho de um metro e cinquenta e oito
Com o sorriso mais bobo que um ser humano pode ter
Meu sonho era lindo
E me desnorteou
E depois d’Ela ninguém me reconhecia mais
E eu tinha que escutar que o meu fim seria igual ao do jovem triste de Goethe
Aquele tal de Werther
Eu não terminei como o jovem
estourando os miolos numa madrugada
                                               só.
Mas nunca mais tinha tido sonhos tão bonitos
Os anos estavam passando
E tantas d’Elas cruzando meu caminho
Mas eu nunca mais tinha tido aquele sonho bonito
Amanhã eu poderia ter tantos outros sonhos
Tantas coisas jamais esperadas
E comecei a ter
O meu sonho antigo virou também sonho de outras pessoas
E de gente com bem mais sorte que eu
A gente cresce e os sonhos mudam
E depois não se sabe mais o que fazer com aqueles que um dia a gente sonhou
A gente nem sabe falar quando se encontra
E fica desejando que duas pessoas no mundo tenham a mesma voz
O mesmo cheiro
Ou o mesmo sorriso
Mas nunca tem
Nada na vida se repete
Como disse o poeta
‘a primeira vez é sempre a última chance’
Então é preciso sonhar um sonho novo
Mesmo que a gente não saiba o que sonhar
A vida nos obriga
E a gente caminha
caminha
caminha...
Também se perde
e continua a jornada
Tenho caminhado
e sonhado com coisas ainda mais bonitas.


[Cíntia Maria ]

terça-feira, 21 de maio de 2013


Eu que já achava que tinha tudo
Não sabia que faltava te conhecer
Garota semelhante ao que o Tom tinha prazer em ver passar
Não é de Ipanema
Mas é cheia de graça
Tem leveza na forma como caminha
Digna de um pé 36
O seu santo bateu com o meu
Tá difícil de negar
Quero me perder em seus cachinhos
E como o Caetano ter histórias pra contar de um mundo tão bonito
O sol te espera pra poder nascer
E quando chegas, traz o sorriso no olhar
Seu encanto me laçou
Já tá difícil de negar
Pequena e leve
Firme...
Sei que quando cruzas meu caminho, esqueço minha rota
Tá muito difícil de negar...
Os amigos já notam
Tu me enchendo de carinho
Vou seguindo o conselho do Lulu
‘é melhor não resistir e se entregar’
Que dure um minuto
Um dia, ou uma vida
Quero te ver passar ‘moça do corpo dourado’.
Encanto meu.

Cíntia Maria
Um poema pra mim

Paixão
Tentei escrever sobre esse sentimento
Pensando nas vezes que não o tive
Como ele aparece
e por quê?
Nos últimos dias desejei ter paixão
Acho que muita gente tem desejado
Nesse mundo onde tudo parece um acerto de contas
Eu senti falta de me apaixonar
Do não programável
Do que não tem prazo pro fim. 
Ao conversar com uma amiga enquanto tomávamos banho na lagoa
Pensamos no que temos
E como o virtual têm nos destruído
O sol estava se pondo
A gente tinha perdido espetáculos como esses, presas em um livro 
ou numa tela de um computador.
Quis voltar a ter paixão pelas coisas
Passar dias sem pensar em nada
Fazer passeios de barco
Nadar
Remar
Sonhar como antes
Olhei o sorriso de um homem experiente que me contava coisas da vida
De amores passados
De planos futuros
E filosofei aquele velho clichê que ele me disse enquanto dançávamos
‘tudo tem seu tempo certo’
Sinto meu tempo chegou
Tempo de voltar a viver
O silêncio sussurrou uma frase do Belchior ao meu ouvido
“Cíntia, o tempo, andou mexendo com a gente sim.”
Mexeu, passou e eu cresci
Muitas coisas mudaram
A vida andou me batendo ferozmente
Caí... 
Mas tive forças pra levantar
A temporada das flores chegou
E até senti vontade de chorar
Mas dessa vez foi de alegria
Eu me apaixonei outra vez.
Por tudo que eu já tinha
E tudo que ainda posso ter
Paixão! Há quanto tempo não sentia o seu sabor.

Cíntia Maria

sexta-feira, 8 de março de 2013

Eu não sei o meu lugar em sua vida

Não! Eu não sei o meu lugar em sua vida
Ainda que eu procure anos a fio
Ainda que você me diga que eu sou especial
Que eu marquei um momento
Que lembre do meu cheiro
Das minhas músicas preferidas
Ainda que você saiba meu número decorado
e que me ligue mesmo sem ter assunto sério
Que tenha numa caixinha as cartas que te escrevi
E que no espelho do seu carro aquele pequeno coração te diga ‘i Love you’
toda vez que você o aperta e sorri com a cara mais boba que um ser humano pode ter
Ainda que você não me esqueça no Natal
Ou que simplesmente não me esqueça quase em dia nenhum
Ainda assim não sei.
Estive pensando em te perguntar o que queres de mim
Mas tive medo da resposta e mudei de ideia.
Resolvi colocar na TPM o fato de pensar em você em dias tristes
Encarreguei o Tempo de tirar você das minhas lembranças
Aprendi a ter firmeza
Deixei de chorar
Já não caio em tanta cilada
E agora eu sei
Já não é mais amor...
Outras flores nasceram no meu jardim
Talvez eu devesse conversar com você como gente grande
Mostrando de fato interesse em sua vida
Como você tem tido na minha
Depois de todo esse tempo longe
Eu tenho um monte de coisa boba pra te contar
Sei que você quer ouvir
Por hora eu só sei te evitar
Enquanto deveria apenas reorganizar lugares.
Eu não sei o meu lugar em sua vida
Não! Eu não.
Que importância isso tem?
Também não sei...
Tem horas que a gente se pergunta um monte de besteira
Quando nos resta apenas viver.
Talvez eu te procure pra tomar um sorvete num fim de tarde
Já que te mandar a merda não deu resultados
Preciso te agradecer por umas coisas
Ou talvez eu precise apenas te ver.

Cíntia Maria

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Id.

Ela é muito Id
Não pense Id como abreviatura de idiota 
Não, não se trata disso.
Estou falando em termos freudianos
O mesmo termo que ela me ligou outro dia na madrugada pra saber o significado
Instinto e pulsão
É tudo que ela é.
Eu me pergunto: algum dia ela já pensou antes de tomar uma decisão?
Se algum dia ela pensou que não era o centro do mundo?
Se ficou pensando que não ia machucar ninguém sendo apenas Id?
Sem controle 
Apenas instinto.
O que a interessa, ela diz sim.
Mas ela não se questiona se vai machucar o outro.
Ela me disse que um ex namorado a chamou de neurótica 
e eu na mesma hora ri
Como eu queria que ela fosse
Eu disse que ela era perversa
Mas torci pra ser engano
Acontece que não era.
Lembrei de um texto de Jung, de homem que sonhou com uma cobra
No sonho ele pisou a cobra
E ao acordar tinha muitas dores no pé
Eu fiquei pensando que também pisei em cobras
E olhe que não foi apenas uma
Só que as minhas cobras me levaram o coração
As dores ainda estão aqui
Quando durmo e acordo
E quando a vejo por aí
Sempre com novos amores.
Pensei em procurar um analista
Só que dessa vez nem pensei em beber
Nem em pedir pra voltar
Senti impulsos agressivos
Daqueles que a gente só tem coragem de escrever
Pra se sentir melhor
Nem uma flor eu jogaria nela
Mas confesso que não sinto vontade de vê-la nunca mais
Por ela nem cheguei a sentir amor
Ou paixão, como ela reclamava não ter.
Nem sei que diabo de relacionamento foi o nosso
Talvez um relacionamento Id
Dessa vez como abreviatura de idiota
Assim como o Velho Bukowski
tenho pensado nas mulheres que passaram em minha vida
Assim como as dele, as minhas também me parecem inexistentes. 

Cíntia Maria

Abandono

( Nighthawks - Edward Hopper) Há um tempo a poesia me abandonou Talvez na mesma esquina em que me perdi de mim Entre ruas escuras e c...