segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Angústia

Vejo uma foto sua perdida pelo meu celular,
rapidamente meus pelos ficam eriçados
como quando sinto uma presença de alguém do plano espiritual.
Começo um dilema: é bom ou não sentir isso?
Lembro do seu beijo;
Do cheiro do seu cabelo;
E do seu sorriso amável.
Sinto uma saudade que me queima por dentro
Os olhos marejam,
              como se algo muito importante fosse perdido.
Acontece que aqui nada foi perdido.
Você está por aí como sempre esteve,
                                      e eu estou aqui,
ainda no mesmo lugar.
Ainda com a cabeça em você.
Sentindo falta de agarrar em seus cabelos
e te puxar forte de encontro ao meu peito.
Sentindo falta de quando sua mão pegava em meu rosto,
  com tanta ternura que só me restava fechar os olhos e sorrir.
Eu teria unido meu mundo ao seu.
Você me diria se aqui estivesse: 'ah temos um laço, daqueles que não se apagam'.
Eu diria com os olhos baixos: é que não quero laço eu quero nó,
daqueles que apertam e não deixam a gente sair nunca.
Enquanto eu penso em tudo que não existe,
toca um brega ridículo lá fora.
Fico pensando no que você estará fazendo.
Se por algum segundo pensa em mim.
Não obtenho resposta das mensagens que te mando.
Que dirá dos seus afazeres.
Nem sei como anda seu dia.
Volto a pensar nas  coisas bobas que já te prometi fazer,
como me vestir de coração na porta da sua Universidade,
 ou fazer uma serenata na porta de sua casa, com meu pouco conhecimento de violão,
te entregar flores somente para constrangê-las por não alcançarem sua beleza ou pra ver sua carinha rubra.
Os amigos me seguram, me impedindo de tal ato.
Eles me chamam a lucidez.
Não quero lucidez, quero seus lábios nos meus.
Quero sua cabeça em meu ombro e sua mão em minha barriga,
igual quando a gente abraça um travesseiro e  não quer largar.
Sinto uma nostalgia que coloco na culpa de ouvir Tom Jobim em pleno sábado, quando todos os meus amigos foram a balada.
Aposto que você descansa num sofá vendo TV e vez ou outra passa o olho no computador ou responde alguém no celular.
Acho que eu deveria ler algum autor menos angustiado.
Um Luís da Silva tão obsessivo e não correspondido, não pode fazer bem a ninguém.
Atiro o livro ao chão
Levanto e me banho
O pensamento não muda de lugar
O Luís da Silva mandou Marina ao diabo, também mando você
Nenhuma das duas entende o recado
Deito na cama e choro por dentro
Não sei até quando ficarei assim,
Permito que os dias se arrastem...

Cíntia Maria


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