domingo, 19 de fevereiro de 2012

Retratos


Retratos amarrotados pelo tempo
Contam memórias e liras destoadas
Em vultos e lapsos de memória transcendentes

Desmemorias que me traz odores,
 Lugares e olhares de um alguém qualquer
Que no tempo jaz esquecido

Esses mesmos retratos - que ficaram amarrotados pelo tempo -
São a única coisa que eu tenho para lembrar que você é real
Que me cortam com a dor de um amor irrevogável
Que me rega com lamúrias de saudade e solidão

Bem sabeis, oh filhos da creação
O Jasmim perfuma o machado que o feriu
A rosa espinha a borboleta que a beija...
Mas, douda não se faz, porquanto,
Nem por isso a borboleta deixará de beijá-la,
E o machado livrara o caule do jasmim

Em poemas, liras e devaneios me espanto
Na loucura insana de minha mente
Desconfiguro o futuro
 Recapitulo o passado que nunca existiu
E válvulo-o em um futuro incerto,
Tão certo quanto à incerteza que se a de morrer

Retratos, memórias, canções e poemas... Quem se importa?!
Que me importa memórias perdidas,
Pixels desconfigurados de uma realidade incônscia?
Quantos quadros fizeram-se esquadros
Tornaram-se eira no cinzeiro de uma taverna qualquer?

E o 'eu te amo' que as fotos não podem reproduzir ficaram esquecidos
A falta que ficou é o amarelo daquele velho retrato que hoje é igual ao seu sorriso.

E que diferença faz o jasmim, a rosa ou borboleta
Desse sentimento o que se deve veracidade?
Apenas que tudo foi esquecido...
Como um brinquedo deixado no terreiro,
Como um vintém ao bolso amarrotado ,
Como o passar das horas num dia chuvoso.

E eu me sinto amolgado como esse velho retrato
Que ímpar, tolo ainda ouso guardar.
O que me importa, a solidão é um jogo guardado para um domingo chuvoso,
Bem sabeis, oh filha da terra!



Calígula de Odisséia & Cíntia Maria




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