É cansativo tentar manter algumas coisas
Como tentar virar quem senta de costas pro mar
ou presentar com flores quem tem alergia
É cansativo fingir felicidade quando seu coração é triste
e olhe que os anos ainda não resolveram pintar meu cabelo de branco
Nem há crianças correndo no jardim
como eu já esperava
Mas meu corpo já cansou de multidões
E sigo sem lar
Sem par
sem rumo
Nas mãos me sobram dedos pra contar os verdadeiros
Nos dias me sobram horas e angústias das promessas que fiz e não cumpri
E a vida segue mostrando o quanto é cansativo conquistar a mocinha mais bonita da festa que não olha pra você
As trivialidades já não me interessam
E a impotência toma todo meu ser
Não quero as dores de existir como se delas fosse possível escapar
Já não sei mais em quem confiar quando as traições são constantes
Quem não trama?
Quem está?
É cansativo manter aquele corpo que a revista quer ver
e fingir que tudo vai bem quando você está em pedaços
Dançar nas festas
Amparar o inimigo
Tudo é cansativo e a vida é tão breve
Mas faltam verdades
Falta luz
E tudo é tão cansativo como a leitura daquele filósofo alemão
e o sorriso sem graça da moça sentada na praça
Não há lugar pra escapar de mim
Sigo nesse cansaço que é viver
e viro minha cadeira para o mar
Sabendo que só posso cuidar de mim.
Cíntia Maria
terça-feira, 30 de maio de 2017
quarta-feira, 17 de maio de 2017
Com o esteto no pescoço
saindo do plantão
Ela lê meus poemas
Não estão na televisão
nem no rádio
Não sou grande poeta
Nem mesmo grande em qualquer outra coisa
A idade ainda não me pesa,
mas acordo com as dores de existir
e sigo pensando nela
No carro ela ajeita o jaleco
Seu semblante é sereno
sua agenda é cheia
Em vão procuro o celular a espera de um chamado
Desisto novamente das promessas que não fiz
Ela canta
pensando na roupa que usará logo mais
Reclama da dieta
como se houvesse em seu corpo algum defeito
Certamente se pudesse vê-la agora,
diria o quanto está linda
"Deixe de bobagem"
Ela me diria,
enquanto coloca o cabelo atrás da orelha.
Saindo do plantão
com o esteto no pescoço
Ela vê doçura em meus poemas
Que não estão na Academia
Nem serão premiados
Rolo na cama sentindo seu perfume
Enquanto em casa ela se atrapalha na cozinha
Com amor
tempera não só a comida,
mas também os meus dias
Tirando o esteto do pescoço
ela senta
e novamente lê meus poemas
Acredita na graça e acredita em mim
Não pensem que não lhe apresentei
o Pessoa, Neruda ou Drummond
Mas ela prefere os meus
Toco-lhe a alma e o coração
Levanto da cama
Rabisco novos versos
Sem esteto no pescoço
Ela lê meus poemas e sorri.
[Cíntia Maria]
saindo do plantão
Ela lê meus poemas
Não estão na televisão
nem no rádio
Não sou grande poeta
Nem mesmo grande em qualquer outra coisa
A idade ainda não me pesa,
mas acordo com as dores de existir
e sigo pensando nela
No carro ela ajeita o jaleco
Seu semblante é sereno
sua agenda é cheia
Em vão procuro o celular a espera de um chamado
Desisto novamente das promessas que não fiz
Ela canta
pensando na roupa que usará logo mais
Reclama da dieta
como se houvesse em seu corpo algum defeito
Certamente se pudesse vê-la agora,
diria o quanto está linda
"Deixe de bobagem"
Ela me diria,
enquanto coloca o cabelo atrás da orelha.
Saindo do plantão
com o esteto no pescoço
Ela vê doçura em meus poemas
Que não estão na Academia
Nem serão premiados
Rolo na cama sentindo seu perfume
Enquanto em casa ela se atrapalha na cozinha
Com amor
tempera não só a comida,
mas também os meus dias
Tirando o esteto do pescoço
ela senta
e novamente lê meus poemas
Acredita na graça e acredita em mim
Não pensem que não lhe apresentei
o Pessoa, Neruda ou Drummond
Mas ela prefere os meus
Toco-lhe a alma e o coração
Levanto da cama
Rabisco novos versos
Sem esteto no pescoço
Ela lê meus poemas e sorri.
[Cíntia Maria]
terça-feira, 9 de maio de 2017
Meu meio sorriso
e meus olhos baixos
Anunciam - que mais uma vez - vou dizer o quanto ela é linda
Como uma criança aprecia as estrelas no céu
em silêncio conto os sinais em seu rosto
Rasguei livros de poetas solitários
E pra falar de amor
abri janelas
e cultivei jardins
Sinto que morro se ela me faltar
Talvez ela saiba disso quando um carinho em meu rosto diz que tudo está bem
Os sentidos se perdem
e docemente ela me sorri
quando sabe que meus lábios - mais uma vez - vão dizer o quanto ela é linda
Meus olhos baixos
e meu meio sorriso
Entregam o nervosismo do meu coração
Talvez ela me ache aquele roqueiro exagerado da década de 80 jogado sem pai e nem mãe
bem na porta do seu apartamento
Talvez ela verifique minhas gavetas procurando cicuta
ou somente saiba que meu meio sorriso e meus olhos baixos
- mais uma vez - anunciam o quanto ela é linda.
e meus olhos baixos
Anunciam - que mais uma vez - vou dizer o quanto ela é linda
Como uma criança aprecia as estrelas no céu
em silêncio conto os sinais em seu rosto
Rasguei livros de poetas solitários
E pra falar de amor
abri janelas
e cultivei jardins
Sinto que morro se ela me faltar
Talvez ela saiba disso quando um carinho em meu rosto diz que tudo está bem
Os sentidos se perdem
e docemente ela me sorri
quando sabe que meus lábios - mais uma vez - vão dizer o quanto ela é linda
Meus olhos baixos
e meu meio sorriso
Entregam o nervosismo do meu coração
Talvez ela me ache aquele roqueiro exagerado da década de 80 jogado sem pai e nem mãe
bem na porta do seu apartamento
Talvez ela verifique minhas gavetas procurando cicuta
ou somente saiba que meu meio sorriso e meus olhos baixos
- mais uma vez - anunciam o quanto ela é linda.
Cíntia Maria
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