Hoje é domingo
Vago pelas ruas do centro dessa cidade que tem cheiro
de açúcar
As ruas estariam vazias
Se não fosses os garis que limpam toda sujeira
Quem dera eles pudessem limpar os meus pensamentos
Há também nas ruas mendigos que são sujos por fora
Semelhante a como eu me sinto por dentro
E começo a sentir que posso aplicar a mim os versos
do Pessoa
“Vivi, estudei, amei e até
cri, E hoje não há mendigo
que eu não inveje só por não ser eu.”
Mendigos que vagam, que são livres.
Eu gostaria de saber aonde quero ir
Enquanto descubro apenas ando e penso no mar
Mas carrego lágrimas nos olhos e uma pesada mochila
nas costas
Não quero que o mar me veja assim
Quero que alguém me carregue desse mundo
Quando noto que não posso me esconder de mim
Questões da noite anterior ainda me perturbam
Ser quem se é, pagar um preço incalculável
Invejo os ousados e os corajosos
Invejo a todos que não são como eu
Eu que passo a vida a me procurar a já não me
encontro
Nem nos amores
Nem nos versos
Nem nas amizades.
Minha única companhia é a solidão
Penso na vida e sinto medo
Enquanto permitido for continuarei caminhando
Por ruas que me levam a lugar nenhum
Por caminhos que são desassossegados
Iguais aos meus sentimentos.
Cíntia Maria
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