quarta-feira, 27 de junho de 2012


Flor!


Disse-me minha mãe

que me apelidou de flor

Porque desde cedo eu me perdia

                        nos jardins

a conversar com as plantas.

Diziam que eu era um poço de emoções

            e ainda o dizem.

Eu que sempre achei que fosse um defeito

Hoje sou considerada uma alma sensível

                        por muitos.

Por outros uma criatura angustiada

e há ainda quem acredite que sei fazer poemas.

E o velho Bukowski se me conhecesse diria que sou apenas

mais uma criatura atordoada pelo amor.

Cíntia Maria 

quarta-feira, 13 de junho de 2012


"Que ela seja feliz"
disse em voz alta para acreditar com mais força
Eu a amo não vou mentir
Torço pela sua vida
e desejo que ela siga feliz em um novo caminho...
Mas quando ela me abraça
Eu queria tanto poder fazer algo
Mudar nossas rotas
Retroceder
Ah se ela voltasse para minha vida
Dizem que isso é amor de verdade
Aceitar a felicidade do outro sem mágoas
Eu aqui já desisti de conceituar o amor
E nessa hora só escrever me ajuda
Porém, eu já sinto um cansaço de dizer as mesmas coisas
"Que ela seja feliz"
Sai tão honesto e triste da minha boca
Eu já posso mais nada fazer
"Que ela seja feliz"
Eu vou continuar dizendo
As mesmas palavras repetidas
Com saudade
E com dor.

Cíntia Maria

sábado, 9 de junho de 2012


R.

Um sorriso sincero;
Um olhar acolhedor;
E um corpo bonito.
Eu conheci essa menina numa noite fria de uma festa alegre
E não imaginei que ela carregava tanto dor
Quando notei os sofrimentos que ela carrega da vida pensei:
como é que um cara pode fazer uma garota assim sofrer?
Realmente ele tem que ser muito idiota...
Porque ninguém ia querer fazê-la padecer
Ela é tão amiga;
Tão acolhedora.
A simplicidade eu li em seus olhos
E vejo muitos se perderem em seus encantos.
O cuidado eu senti em suas mãos
No mais, ela é bem agradável e verdadeira.
Mas ela foi se encantar por um jovem ator
Não que ela seja ingênua, mas ela acreditou no rapaz
Que tanto a decepcionou.
Eu que a olho e a vejo como menina
Passei a vê-la como mulher quando ela se comportou com tamanha maturidade
De colocá-lo para fora de sua vida
e começar um novo caminho.
E os que não atuam durante a vida real se esforçam para fazê-la bem
Para lhe arrancar um sorriso que não tem sido muito usado nos últimos tempos
Depois que o ator se foi deixou essa menina um pouco triste
Eu sei que no fundo ela se esforça para não sucumbir
Mas como acreditar depois de tudo?
Ele agora se arrepende, ele agora corre atrás...
Mas ela já não o quer mais esse rapaz que apenas desempenha um papel de artista
A menina agora cresceu
É independente
E a vida a ensinou a ser mulher
Não é fácil recomeçar
Mas ela tenta um pouco a cada dia.
Vejo a fidelidade de jamais trair os seus
Porém a vida sempre a machucando
Como machuca a todos
Mas quem disse que ela tem medo?
Ela acredita em sonhos e reza para Deus lhe trazer forças
E diariamente ela encontra o brilho necessário para viver
Eu a admiro
E sei que ela conseguirá
E as lições da vida ela desempenha com atitudes fortes
Sei que essa menina ainda vai dar baile em muitos
Correndo sempre na frente...
Mesmo reclamando e muitas vezes desacreditando
Ela pode com muito peso
Desejo apenas que a vida dela se torne a frase do Velho Bukowski
“E as noites serão quentes, levará a vida com um sorriso perfeito. É a única coisa que vale a pena.”
E eu queria dizer para ela que a vida é maravilhosa, mas não é.
Que ela continue nos encantando, mesmo com o peso das amarguras e das traições
Pois, quando ela dorme vejo passar por ela  os sonhos mais lindos.

Cíntia Maria

segunda-feira, 4 de junho de 2012


Ah a poesia

Viajo, sonho e choro
Penso e sofro
Sou alegre e triste
ou nenhum dos dois
Mas sempre tento encontrar a poesia
Conheço almas sublimes
Encanto pessoas
Falo em algumas
Emociono outras
Tenho alguns como inspirações secretas
Para outros não consigo fingir tão bem assim
Mas de verso em verso
Vou formando histórias
Não tão bem parnasianamente estruturadas
Mas que narram um sentimento profundo
Talvez algo original, não sei...
Escrevo com desejo e amor
E jamais escrevi por encomenda
Isso tem feito de mim uma poetisa
Quase sempre com dor
Um Eu Lírico que faz sua autobiografia
Descrevo sentidos encontrados em olhares
em noites
em lágrimas
em festas...
E se eu encontrar apenas uma alma que me compreenda
Isso fará de mim alguém menos triste.
E assim continuo caminhando com a poesia no bolso
buscando inspirações ou
                                               esbarrando nelas.
Fazendo-me viva
Trazendo a minh’alma alegria
Desabrochando como uma flor do cerrado
Em busca de um sentido que me cause espanto
E tire-me do chão....
... como só a poesia tem feio.
Que a vida me traga versos
E que a arte enxugue-me às lágrimas
E as dores da existir.

Cíntia Maria

sexta-feira, 1 de junho de 2012


Hoje é domingo
Vago pelas ruas do centro dessa cidade que tem cheiro de açúcar
As ruas estariam vazias
Se não fosses os garis que limpam toda sujeira
Quem dera eles pudessem limpar os meus pensamentos
Há também nas ruas mendigos que são sujos por fora
Semelhante a como eu me sinto por dentro
E começo a sentir que posso aplicar a mim os versos do Pessoa
Vivi, estudei, amei e até cri, E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Mendigos que vagam, que são livres.
Eu gostaria de saber aonde quero ir
Enquanto descubro apenas ando e penso no mar
Mas carrego lágrimas nos olhos e uma pesada mochila nas costas
Não quero que o mar me veja assim
Quero que alguém me carregue desse mundo
Quando noto que não posso me esconder de mim
Questões da noite anterior ainda me perturbam
Ser quem se é, pagar um preço incalculável
Invejo os ousados e os corajosos
Invejo a todos que não são como eu
Eu que passo a vida a me procurar a já não me encontro
Nem nos amores
Nem nos versos
Nem nas amizades.
Minha única companhia é a solidão
Penso na vida e sinto medo
Enquanto permitido for continuarei caminhando
Por ruas que me levam a lugar nenhum
Por caminhos que são desassossegados
Iguais aos meus sentimentos.

Cíntia Maria

Abandono

( Nighthawks - Edward Hopper) Há um tempo a poesia me abandonou Talvez na mesma esquina em que me perdi de mim Entre ruas escuras e c...