Há morte em todos os corredores que ando
Ouço gritos, vejo dores,
há um acúmulo de sensações que me
corroem o corpo
e me transportam para nuvens que são silêncio.
Um senhor a meia luz diz que sofro de ansiedades
Mas o que anseio?
Meu corpo ganha medidas, me envergonho no espelho
Sofro a ausência dos que não foram,
Choro sem lágrimas as dores que não são minhas.
Mas onde há vida para que eu possa poetizar o vazio que
sinto
O sorriso
da praça;
O beijo dos namorados e
crianças que
brincam na chuva?
Onde há luz para que eu possa crer que vidas ressurgem?
Onde há verdades para que possa crer na amizade?
Me perco em rotinas traçadas para mim que nunca fiz,
em sonhos
engavetados que nem eram meus.
Ouço barulho dos que choram fraturas,
Faturas,
arrependimentos.
Tudo parece distante...
... não vejo afetos
Não há braços.
Mas ao longe escuto um canto de
uma Voz Doce
que embala a Esperança.
Sento para ouvir
e passo a crer que a vida ainda
não me engoliu
Não penso mais na cotação do dólar
A luz ressurge nos corredores mesmo quando a morte decidiu
passar
Me
resgatando do vazio;
trazendo
a pulsão da vida...
um Anjo me sorri.
Cíntia Maria
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